...No princípio era o Verbo...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

estradas

quem viaja, veja bem
não deve ser por desgarra ou falta de gosto pelo familiar
quem viaja é porque de certo vislumbra
um Infinito jardim de infinita família
que se estende pra longe do olhar
a vista

quem viaja é porque reconhece na viagem tudo que há de bom
e bonito e valoroso
sobre pertencer à todos os lugares
de arroubo,
e ao final ao retornar ao lar
perceber, com assombro
que o tempo todo não teria
precisado
nem procurar
se é que buscava algo,
certo que este algo podia encontrar
este algo que então o buscava
e este algo próprio que o seguia
não estava nem fora de alcance,
talvez apenas fora
de perspectiva.

a maturidade dá uma volta
completa
pra finalmente se sentar
na quinta ou na quarta curva
da BR, no estradar





"tudo isso eu vi nas mia andança
nos tempo qui eu bascuiava
o trecho alei
tô de volta já faiz tempo
qui dexei o meu lugá
isso se deu cuano moço
qui eu saí a percurá
nas inlusão que hai no mundo
nas bramura qui hai pru lá
saltei pur prefundos pôço
qui o Tioso tem pru lá
Jesus livrô derna d'eu môço
do raivoso me paiá
já passei pur tantas prova
inda tem prova a infrentá
vô cantando mias trova
qui ajuntei no camiá"

CANTIGA DO ESTRADAR

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

NATAL, pra mim

Eu amoodeio ter que contrariar a massa das opiniões. Minha vontade é que MASSA significasse um coro consonante de vozes amigas, satisfeitas e plenas, dialogando. Não um pedaço amorfo de farinha e fermento que juntos são chamados MASSA por sua qualidade de permanecer inerte, e sem expressão.

Mas vai chegando Natal as vozes vão estancando dos boeiros, a insatisfação dos meus companheiros com a Ceia, com a inexpressividade dessa data na vida deles... Muitos narram verdadeiras torturas mentais, cd's de natal da Globo de 20mil anos atrás, as mesmas histórias, sei lá... Sei que me dá sono só de pensar.

O que eu gosto desse blablablá, da revolta dos amigos, é que eu em absoluto preciso me revoltar. Primeiro que não acho Natal uma data de consumo, porque na minha visão o consumo aderiu ao Natal, e não o contrário. A história que conheço do Natal - Solstício de Verão, no Hemisfério Sul - não vem de Jesus, mas confirma-se nele. Para a Antiga Tradição xamânica, o Solstício de Verão, encerramento de um ciclo, era um momento em que todos os sacerdotes e xamãs praticavam um ritual de renovação. Essa prática remontava um sentimento de "volta à Origem ou Paraíso", à Era de Ouro (reconhecida pelos Hindus), e à harmonia.
A crença dizia que à meia-noite o mundo era submetido ao Paraíso.
O Pinheiro, símbolo da Árvore Cósmica, ou Árvore da Vida, representa a Ascenção do homem através da idade, e das dimensões de compreensão. Conforme envelhecia, mais próximo se ligava ao Pai, à estrela que jaz no topo do pinheiro. A chaminé também representa esse eixo de conexão com os Céus.

Isso é só uma curiosidade que me faz lembrar desse dia como sendo efetivamente mágico, e não mais um dia pra se pensar na realidade sociopolítica sociopata universal!

Natal pra mim é tomar cerveja com meu tio, golezinho do whisky já maturado de tanto tempo que foi seu feitio, natal pra mim é gozar da boa-aventurança de ter uma estrutura, iguais, ou pelo menos parecidos. Familiares compartilham mais que sobrenome, o sangue. Compartilham uma visão particular de sentir o mundo. No meu sangue corre sangue de preto, corre sangue de gente que batalha e batalhou para preservar seu caráter e não suas opiniões. Pra mim ISSO representa a minha família: nossos reais valores.

Todos os que entram pela porta da nossa família, sinto como se já os conhecesse. É o caso da Hermínia, da Tutu e dos amigos das duas. Cada membro que entra pela porta é mais como um reencontro. E esse reencontro é um reencontro Alma. E é por isso que AMO o Natal.

Meu Natal é ver os olhinhos da Raimunda brilharem, ver o sorriso ingênuo do Fábio, e os comentários ácidos da Paula e do Rafael. O barulho de todo mundo conversando, as piadas e sacanagens da entidade LUIZ+PAULO, e tudo o mais... Cascadura pra mim tem cheiro de infância, e cheiro de coisas eternas. Passear pela comunidade é passear pela minha própria história, e pela história dos que aqui vivem. Vejo as fotos de mim pequenininha com roupa de carnaval!
Ai ai, minha família, pra mim isso TUDO é o nosso Natal!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

FIM DE ANO (Reflexos)

a mesma consciência que fere "a outros", sacrifica a si própria. sua chance de enxergar com os olhos limpos o que há de Um em tudo e todos. e permanece apegada à aparência de seus atos, enquanto o que clama dentro de si é o desejo de compreensão. ater-se às aparências é, por definição, permanecer fechado pra qualquer percepção mais profunda.

a questão do erro não é uma questão moral, a questão do erro é: ele não existe. e a inexistência do erro trás a questão da responsabilidade. estou sendo verdadeiro, ou estou sendo verdadeiro pra que os outros enxerguem isso?
estou sendo bom pra todo mundo? ser digno é fazer sala pra todo mundo, por dentro estando turvo?
ser bonzinho é algo que gostaríamos muito de ser, mas se estamos em movimento e estamos experimentando, não é possível haver tal coisa.

quando escrevo isso é porque passo por isso, e porque vejo que querer ser bonzinho é o querer ser mais e progredir, no fundo no fundo.
para caminhar é preciso deixar uma perna atrás, e trazê-la pra frente. esse gesto por si só representa o que temos que abandonar para continuar seguindo.


neste Natal, presenteie a si mesmo com boa dose de reflexão, e auto-alento. abandone às limitações dos "valores universais de bom convívio". esteja em Paz, e torna-te a Norma da Consciência.


NAMASTÊ, E EXCELENTE FIM DE ANO A TODOS!

A Morte como conselheira do vivo

empurro a parede do Não até onde me permite a inspiração
espalmo as mãos contra o concreto que me diz Eu sou de ferro
minhas mãos pequenas, menos de 15 centímetros em cada cano de descarga frenético
dizem de volta ao Não e ao perecimento o meu desdém eterno
eu desafio a Morte porque a ela bem conheço
porque a respeito e elegante, ela só chega quando bem lhe convém

por isso enraizo meus pés no Agora
por isso minha vida é cheia de significado maior
porque enraizar quer dizer nutrir-me do que há,
é mostrar pra mim mesma que vivo e que viver é minha única dádiva
que a vida é minha diva no divã, e eu me encontro exatamente de frente pra ela
inquisidora dela, inquisidora da Roda
agulho, ferrôo, provoco dores cáusticas, vejo vomitar as certezas de raiz
vejo transcender o limite dos braços e pernas

e recolho minhas raízes de volta, pra dentro de mim,
e nutro-me então do caos interior, da vastidão do microcosmos que Sou
Eu Sou
e nada mais.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Coroa com Flores

Das coisas que vi e vivi, soube algumas indecifráveis...
Como subir no telhado sem deslizar e quebrar o teto de alguém pra fumar um cigarro,
como descer a escada de madeira encerada de meias e mãos ocupadas,
como gostar de gripe e gostar mais ainda do suor de febre, debaixo das cobertas, porque estou segura. Como se sentir mais em casa fora dela do que nela, com uma família que descobri também ser minha.
Como o número 7 some da porta de alguém e pára na grama do jardim da frente. Como viver sem perguntar se isso de viver é bom, como dizer coisas sem pensar se a idéia é realmente engraçada. Como fazer graça sem querer, e tomar banho de mangueira de primeira!, e o horário ideal para que a mágica aconteça. Como fazer um cabelo ruim virar bom na água de cachoeira, nem te conto...

Soube exatamente como digitar no laptop com um coelho roendo meu dedo e arranhando a pele da minha virilha, como assistir Video Show sem ter uma pontada de dor, ou de alergia. Soube como manter o olhar limpo sobre as coisas, sobre mim, e sobre o olhar pejorativo das pessoas na rua.
Como me manter no centro calmo de mim.
Soube como caminhar reto numa rua de árvores de flores de cores mais vivas sem tropeçar ou deixar escapar qualquer tipo de som. Soube a beleza silenciosa da da quietude de quem observa
os sabiás fazerem festa no quintár. Só pra mim.
Soube ser só-pra-mim quando estava sendo simultaneamente também para-outros.
Soube ser sabiá, levantar vôo e ir roubar comida do pote do lobo; soube ser bezouro e levar o pólen pras florzinhas do maracujá. Aprendi a saber que o verbo Amar tem em si o salmo "Amar a Deus sobre todas as coisas", e que todas as coisas, por mais que sejam muitas, são a mesma quando a gente tá no mato. Deixei, ali, de ser um ser tão drasticamente fragmentário: voltei a mim.

Voltei porque tinha cheiro de bosta de cavalo o fim da tarde,
voltei porque a lenha seca ainda queima no fogão de alguém,
voltei porque vi a vida simples acontecer, e cri, pude crer,
que não há benção maior na vida que a alquimia de simplesmente viver.

O que eu quero (3)

Quero água

O que eu quero (2)

Mas daí eu olho pro céu de Minas, pro topo do Globo, pro mais alto alcançável pelos olhos-de-véu, quando olho recordo de meu tamanho mesmo, geométrico.
Sou, talvez assim, uma quinta parte de uma dobrinha na quina da nuvem branca gigante que está boiando por lá...
Sou talvez um breve respirar na hiperventilação compulsiva do Criador; sou talvez Sua cara de criança, sou Seu disfarce multi-espelhado, Sua graça não me atrevo a dizer, mas sinto-me como algumas de suas fantasias, sou sua indumentária vasta, seu infinito, seus hectáres de repertório pra piadas e estórias e causos e absurdos. Minha fantasia, como qualquer outra, é a Verdade que reside naquilo que é belo.

O que eu quero (1)

O que eu quero não começa com O que eu quero?, é sem interrogação mesmo.
O que eu quero não importa se o destino está afim de dar ou não; vou atrás percorro o objetivo no escuro muitas vezes, não importa vou seguindo sem saber, e não sabendo vou, profundamente...
Se ando pra frente é certo que é só porque Amo com firmeza, e porque vivo a Vontade do Guerreiro.

Se estou pra querer, quero Prana quero Som de Luz e Sinestesia à toa; riso de criança também
entra na jogada, crianças que jogando só querem esconder a graça
entre si,... entre as pernas, onde sabem que a maldade não pega,...

Se disponho-me a querer, me canso do Nada, minha segunda casa, quero então resgatar minha pureza, minhas penas de pássaro raro, meu olhar
infinitamente compassionado, minha gargalhada de bobeira, meu rito encantado de bruja
E também meu peito laço também
meu seio lança,
minha partilha materna, minha ufanista experiência de esperança
meu compartir eterno, meu maço meio-a-meio

Sinto Ares de mim e os passarinhos cessam o pio, e é em Silêncio que me encontro e desperto pro fato, meu cio, percebo a graciosidade com que eu mesma me guio quando silencio e me despetalo. É macio de ver, sobra só Sombra e Pólen. E o ar que respiro não é meu, e a força que venho sentindo não é de Eu, é do tudo de belo, misterioso e atroz, de tudo tudo de Nós que cabe
em um MIM, incipiente.

.

Caminhar dissolve kharma
dinamiza a carne
aplica a calma,
as portas da percepção abre
Caminhar é abrir-se à Sorte e à ilusão do Revés,
pagar pra ver o preço, alto ou baixo, da aposta dos Céus
Os chinelos dizem: estou pronto pra tropeços, saltos e acertos, e não cedo o solado,
preservo a superfície insólita da sola dos pés que guardo,
e se arrebento, fortaleço os pés que já não me calçam, calejados

Encaminhe-se, encantado!



NÃO EXPECTAR ALGO DE FORA,
PREENCHER TUDO AGORA,
E MOVER-SE ATRAVÉS DA VONTADE SEMPRE

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ao Ar que me deu as asas

mais poético que morrer pela humanidade nada seria
voltar à Terra que prometi não voltar nunca mais um dia
me deram de novo uma vida, espero fazer uso com esmero
espero
chegar ao final das contas débito 0


mas me deram
o rosto de todos os rostos de todos os homens
do Grande Espectro, me deram
me deram os olhos ávidos e introspectos
me deram um coração de vidro
e um decreto,
apenas um prospecto do Amor de Deus em Nós
me deram também mãos de veludo,
mas me prepararam para uma Guerra contra tudo


eu que carrego a Morte no meu selo
que desapego mas nunca cedo
eu, o Elo Maior do erro em Concerto
não aceito a Morte
qualquer que seja seu Segredo, Meu Pai


disseram a mim: vai em Paz,
esteja em Si


como posso estar eu em mim? não sabem do meu tamanho?
oscilo entre ver a pérola e ver o marfim do elefante
em ver a garra minha, e acalentar com Alma o ser errante
me deram olhos pra aprender quando tirá-los
tirei meus olhos pra não dares conta
e perdestes de mim a minha Realidade,
minha íntima realeza de vista
meu Pai, como cumprir o encargo Real de teu projeto maior, o homem?
como consertar aos outros quando me ofusco pequena perto da grandeza de todos?
como consertar obras sagradas?


minhas mãos, meus punhos alados bélicos
já mencionados em outros critérios,
minhas mãos
não conseguem dizer não
me deram, esconderam meu enorme coração pra repousar na brasa
por toda a eternidade anunciada


o Fogo que Deus me deu,
que sou Eu
o Fogo que Sou consome à tudo em volta
e geralmente não resta nada
pedra sobre pedra, a face sobre a lua,
eu sou a força no Escuro


Como manejar a espada vermelha, meu coração sendo pequena centelha
que testemunha o fenecer das minhas auroras compartilhadas?
como posso ser feliz, e estar sempre deixando ir o que trouxe a mim a felicidade de outrora?


Olho pra dentro e não vejo
Nada.
Olho pra fora e me perco na aventura armada
de todos
do jogo social
do lodo
da sujeira a que se sujeita o meu eu Enorme no jogo


Descansar?
A vontade que eu tenho é mandar de volta
tudo pro Ar
que me soprou...

no hay banda

Não há um homem branco sequer sob chuva
é que homens brancos só existem quando enxutos
é que homens brancos vaporizam com a água que lava
homens brancos se aterrorizam com o balanço das trovoadas
as flores que apreciam precisam estar devidamente enxagüadas
para que mirá-las não ofenda
a lente óptica imaculada
do homem

a terra pro homem branco deve ser devassada pra que ele possa viver em paz, em sua casa
há outra coisa sobre o homem branco que não se pode deixar passar
tudo que este toca, o toque ameaça a desgraçar
e é por isso que com o toque-espada bruto
tem da Mãe o temporal-lança,
anuncia o fim dos tempos da bonança
- com delay
é o fim da festa anunciada
pelos homens brancos escuros
esperando na marquise
o desespero suprimir a Lei

estou explicando para que não se lamentem por tudo o que foi perdido
olhem pra dentro e confiem:
o homem branco perece com um mundo mais brando,
mais poético
e a única solução pro homem branco é morrer em vida,
trancar-se num beco sem saída
perguntar-se como chegou lá um dia, de baliza
chegou de ré no beco e engoliu a seco
sem saliva

Não há um Homem Branco sequer sob chuva,
não há homens brancos sob sol.
homens brancos desenvolvem protetores solares de última
geração, e carros motores remotos para se mover mais rápidos dentro de suas solidões
compram colchas, lanchonetes, marcas, cangas, e colchões
palinetes, cotonetes, sorvetes
compram também desilusões e sua cabeça à prêmio rola
a identidade jamais se desenrola, a identidade abraça as coisas e permanece pedindo esmola
pega emprestado elogios, mas críticas não me amolam!, e quando olham pra si
,
cínicos
molhados,
enxarcados,
bêbados na Avenida Central Maior do Ser que vaga
percebe-se um Ser que vaga na Avenida sem destino
se apercebe que esqueceu
o coração
em algum trem de trilho
e seguiu simplesmente
como se não estivesse esquecido.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A Imperatriz

eu vou escolher separar desmedir, vou destrinchar
esmiuçar
vou desdobrar o Amor que não quero, digo que não me dedique,
pode ficar!
eu fico com meu querer,
meu copo vazio,
meus tiques
meu templo minhas portas sempre abertas
eu prefiro
meu corpo frio, inflamado
minha mente fria, de espírito
meus punhos abertos ou fechados, são punhos de aço
e o Amor que peço é o Amor que não faço
é o Amor que já foi feito
pelas mãos Daquele que é Maior que o Maior
e mais extenso e mais complexo
e mais que humano amor
ou que idéia de amor divino
é Maior que o estrondo das tempestades,
é maior que meus cataclismas pessoais

Paira voa e colhe de cima o Santíssimo, se me acolhe ele
tudo que é de baixo permanece embaixo,
permito a Morte, e Selo a entrada no Paraíso da Sorte,
esgotada, intensa
sem nada nos pés
sem nada muito menos nas mãos!
as flores que colhi no caminho compõem meu rosto, meu corpo
meu fruto maduro é duro,
é duro!
minha solidez não é fácil,
ou macio
minha avidez é meu sopro - é meu oco,
é meu ócio criativo que invoco!
e o meu Amor, que disse, eu desemboco
em alguma paixão de última hora,
ou me desfaço
e jogo tudo pra fora
deixo que tudo se exploda!
em cores, em tinta, em todas
as manifestações que me permite
a varinha mágica da consciência

se me retiro é porque me encontro no meu espaço e me desembaraço
me espreguiço me estiro e descompasso
fico em casa sozinha fora da linha, fora da área ou desligado

quero a Mim,
e à Presença Divina Eu Sou, e suas doces e firmes palavras de Luz e de Som e de Cheiro
e de EuiEu,
é cheiro de terra prometida, consagração das metas ambicionadas,
conseqüência métrica das trilhas desmilingüidas que eu vim fazendo trilhando essa estrada

se me retiro, quero que saiba que é porque Fico.
e se também finco o pé no chão e falo que tudo bem, que é pra vazar!
quero que saiba que esse é o meu jeito
de deixar passar.

Mirra

eu não sou suave, trato suave porque suave é o que não sou e nunca poderei ser
meu turbilhão não conhece paciência ou delicadeza algumas horas
meu interior é "Senta e chora"
que alguma hora vai passar. Exorciso, chamo a força, chamo os Reis
fico em paz, acendo a Luz, levo uma página de um livro qualquer que eu goste por acaso
e leio ela, e levo ela pra dentro de mim e meu mundo não precisa da força dos homens
meu mundo se nutre de si próprio, de suas próprias mortes

Meu nome é Luiza, mas me chamo Regeneração.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Eu Sou

Se não entro de sola, a porta dos fundos é minha
É meu o elevador de serviço, e a preta que volta das compras Entram por mim
as criancinhas
É minha a bancada da burocracia, os papéis que legitimam a vida
dos que passam
Passo Eu, levo o perfume dos anjos

Sou estátua branca, recauchutada dos tempos da Ágora
minha cor já foi lavada pelo passar dos meus anos na batalha,
e no lodo
Eu Sei de onde eu vim, sei com o quê me fiz
presente dos três Reis, a erva que permite a passagem
pro 6
Como é embaixo, assim é emcima

Desbotada, as cores todas dos sete Arashas refratada
minha arma
é uma espada de fogo vermelho
cor de sangue, do líquido que corre por todo o corpo
Santo, O meu invólucro
escolhe e opera, tem vontade
mas espera e não guarda em si nada
não toma algo
que não seja
Água, Amor, e
a bendita Palavra armada

JÁ Consumidos & JÁ Consumados

Quem sou eu