Não há um homem branco sequer sob chuva
é que homens brancos só existem quando enxutos
é que homens brancos vaporizam com a água que lava
homens brancos se aterrorizam com o balanço das trovoadas
as flores que apreciam precisam estar devidamente enxagüadas
para que mirá-las não ofenda
a lente óptica imaculada
do homem
a terra pro homem branco deve ser devassada pra que ele possa viver em paz, em sua casa
há outra coisa sobre o homem branco que não se pode deixar passar
tudo que este toca, o toque ameaça a desgraçar
e é por isso que com o toque-espada bruto
tem da Mãe o temporal-lança,
anuncia o fim dos tempos da bonança
- com delay
é o fim da festa anunciada
pelos homens brancos escuros
esperando na marquise
o desespero suprimir a Lei
estou explicando para que não se lamentem por tudo o que foi perdido
olhem pra dentro e confiem:
o homem branco perece com um mundo mais brando,
mais poético
e a única solução pro homem branco é morrer em vida,
trancar-se num beco sem saída
perguntar-se como chegou lá um dia, de baliza
chegou de ré no beco e engoliu a seco
sem saliva
Não há um Homem Branco sequer sob chuva,
não há homens brancos sob sol.
homens brancos desenvolvem protetores solares de última
geração, e carros motores remotos para se mover mais rápidos dentro de suas solidões
compram colchas, lanchonetes, marcas, cangas, e colchões
palinetes, cotonetes, sorvetes
compram também desilusões e sua cabeça à prêmio rola
a identidade jamais se desenrola, a identidade abraça as coisas e permanece pedindo esmola
pega emprestado elogios, mas críticas não me amolam!, e quando olham pra si
,
cínicos
molhados,
enxarcados,
bêbados na Avenida Central Maior do Ser que vaga
percebe-se um Ser que vaga na Avenida sem destino
se apercebe que esqueceu
o coração
em algum trem de trilho
e seguiu simplesmente
como se não estivesse esquecido.
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