...No princípio era o Verbo...

domingo, 25 de outubro de 2009

call the techs!

falta um pulso para o meu relógio,
falta um fuso nesse meu horário!





alguém me concerta? :C

terça-feira, 20 de outubro de 2009

a janela da Alma

é muito mais interessante uma mulher que está à janela
uma mulher que se entrega à contemplação vadia do mundo.
é alguém que se presta ao dever mais ardiloso e profundo
que é anotar em mente as intermitências e lambanças ocultas do cotidiano
e soletrá-los em seu modo de ser:
suas letras (e palavras, por conseguinte) são tão estrangeiras e imprecisas quanto a moça em sua janela
com cara de lua...
tão tolas e gratuitas quanto
seu entardecer empoleirado junto à sacada

há de se prezar muito mais uma mulher que se encontra na janela.
inclinado o corpo pra fora, esse corpo diz que deseja ver mais do que apenas o seu módico quadrado,
esse corpo gosta de verdade é de histórias fantásticas
de Marias e Monstros, que o povo vem para fofocar
lá de fora

uma mulher na janela valoriza muito as cenas que lhe distraem os olhos
as que tateiam pelos ouvidos despudoradas, e entram pelas narinas;
as coisas que permeiam seus poros, seu poema, sua espinha.
se não não estaria ela ali,
estaria na cozinha
ouvindo a rádio gospel
especulando sobre a banda da missa
- ou talvez sobre o estado civil de seu baixista.

uma mulher na janela agradece a Não Sabe Deus quem
pela sua faculdade inata de
se sentar ao para-peito da janela
pelo bem que sentar junto dela faz ao ego dos beija-flores:
Alma agradece, muito sincera, pelos momentos em que tece tratados em prosa poética sobre as tardes que se encerram em sua cadeira desconfortável
e os joãos-de-barro gorjeiam... Alma anoitece
toda satisfeita!

lembrar: uma mulher na janela é sempre sinal de bons presságios.

tímida loquacidade

e o dicionário que eu tinha em mente
na situação
criou pernas (além de idéias)
e se escondeu atrás de meus calcanhares
: eu nada disse, então

a fala quando calada, comedida
diz mais sobre a selvageria
que a própria tragédia anunciada
a resignação à fôrma é, certamente
a forma de perversão
mais fetichizada.

eva e adão (contemporâneos)

eu: saio nas ruas
e só flerto com cachorros
pouco me interessam
seus donos
(e telefones)

saio apenas com os cachorros,
e pouco flerto
com seus nomes



você: que bom,
eu também não ligo!
ando nas curvas,
nos desvios
só flerto com as cadelas!
:nenhum compromisso com seus cios

e mais! só ligo para elas
quando é domingo:
é que domingo, dia santo, dia querido
é justo o dia
de se ter
o chamado atendido.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

pedro serejo diz:

ta
eu n vo toma banho nao
tomei antes de dormir



☼ भक्ति ☼ complexo de vira-lata diz:

hahaha tu não foi né seu porco
dps fica me cobrando



☼ भक्ति ☼ complexo de vira-lata diz:

vo tomar um agora



pedro serejo diz:

n to te cobrando nada
hah



☼ भक्ति ☼ complexo de vira-lata diz:

sei sei
eu vou soh pq QRO VC FELIZ AO MEU LADO
uh BABY



pedro serejo diz:

quando vc esta cherosa eu sou um homem melhor


☼ भक्ति ☼ complexo de vira-lata diz:

HUHAUHAUAHUAH
por tras de todo homem melhor
tem uma mulher se querendo

terça-feira, 13 de outubro de 2009

eu sei exatamente como vou te perder
qualquer dia desses
você vai ver
vai ser
entre meus copos vazios e os cinzeiros transbordantes, entre
o pensamento verborrágico e a fala excessivamente louca
elástica,
que eu vou te perder.

vou perder você como perco meus brincos
(e suas tarrachas)
vou perder como quem perde a hora
e nem percebe
que perdeu
a aula.

vou te perder pq meu corpo abraça o mundo,
e não abraça só o seu
e a cada dia que nasce
é um amante que anoitece em meu esquecimento
profundo
- eu vou te perder
na verdade
pq a minha paixão é demasiado democrática e acomoda a todos
em seus domínios obtusos.

vou perder você no meio das minhas sinapses histéricas
só pq faço da vida poesia
e você não entende nada
dessas minhas epifanias.

você nem vai querer saber de mim
nem terá notado
o lugar no carro, vago
que eu fui! já saí daí desse teu lado,
me ausentei, troquei de time, de camisa
e já bati em retirada.

eu quero todos os jogos, as seleções,
todos os placares
quero me acrescer ao mundo
e somar e inflar
pra um dia sim,
expandir e me esticar
e realmente me desdobrar
e tanto,
e tanto! que terei me desfeito como fumaça nos horizontes da Guanabara
e misturado meu canto ao cantar das alvoradas
vou ser o vento que poleniza as flores,
o ar que todos respiram,
a inspiração que chove das madrugadas.

vou virar um ponto no céu,
poesia que assalta uma idéia
& idéia que formiga na ponta da língua
poeira cósmica
serei o rufar dos tambores dentro dos peitos
e o tímido cansaço dos trabalhadores ao fim do dia.

no meu rosto de sol eu pintarei a sombra
e na minha pele de lua imprimirei
a Luz.



observações posteriores:
esse não é um poema sobre perda. não é sobre alguém. é um poema sobre a vontade de viver, e de permanecer, e sobre o ímpeto de preencher o planeta com meu viço, sobre a volta ao útero, e sobre mim tbm hihih

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

uma parte de um texto que vale a pena na íntegra

A transfiguração pela poesia, do Vinicius de Moraes.



"...Pois na luta onde todos foram soldados - a minoria nos campos de batalha, a maioria nas solidões do próprio eu, lutando a favor da liberdade e contra ela, a favor da vida e contra ela - os sobreviventes, de corpo e espírito, e os que aguardaram em lágrimas a sua chegada imprevisível, hão de se estreitar num abraço tão apertado que nem a morte os poderá separar. E o pranto que chorarem juntos há de ser água para lavar dos corações o ódio e das inteligências o mal-entendido.
(...)
Sofre ainda o mundo de tirania e de opressão, da riqueza de alguns para a miséria de muitos, da arrogância de certos para a humilhação de quase todos. Sofre o mundo da transformação dos pés em borracha, das pernas em couro, do corpo em pano e da cabeça em aço. Sofre o mundo da transformação das mãos em instrumentos de castigo e em símbolos
De força. Sofre o mundo da transformação da pá em fuzil, do arado em tanque de guerra, da imagem do semeador que semeia na do autômato com seu lança-chamas, de cuja sementeira brotam solidões.
A esse mundo, só a poesia poderá salvar, e a humildade diante da sua voz. Parece tão vago, tão gratuito, e no entanto eu o sinto de maneira tão fatal! Não se trata de desencantá-la, porque creio na sua aparição espontânea, inevitável. Surgirá de vozes jovens fazendo ciranda em torno de um mundo caduco; de vozes de homens simples, operários, artistas, lavradores, marítimos, brancos e negros, cantando o seu labor de edificar, criar, plantar, navegar um novo mundo; de vozes de mães, esposas, amantes e filhas, procriando, lidando, fazendo amor, drama, perdão. E contra essas vozes não prevalecerão as vozes ásperas de mando dos senhores nem as vozes soberbas das elites. Porque a poesia ácida lhes terá corroído as roupas. E o povo então poderá cantar seus próprios cantos, porque os poetas serão em maior número e a poesia há de velar."

terça-feira, 6 de outubro de 2009

paranóia global

com o planetinha em estado de calamidade pública, o presidente das Nações Unidas decide tomar medidas drásticas.


no Brasil:
(fiscal da saude e meio ambiente no banheiro do restaurante)
- ei, colega, essa quantidade de papel aí da pra enxugar trêr buceta dessa! ó o disperdiço! ó o aquecimento grobal se manifestano!
ma que sacanagem...

a vontade de potência¹ e a realização²

pincelando de leve a lei do eterno retorno.

¹ isso não é uma reflexão sobre a "vontade de potência" descrita por nietzsche.
² título de redação do ensino médio. eu sei que sou ruim nisso. meu professor de redação já dizia...


as pessoas, apesar de se contradizerem o tempo todo, geralmente costumam concordar quando alguém afirma que, sem dúvidas, o poder é o que todos buscam na vida, sendo portanto, o encontro das águas entre os racionalistas e os religiosos, os políticos e os cidadãos comuns, os monges e os matemáticos e mesmo entre os povos que não são "antitéticos"; concordam que é a vontade de poder que, semanticamente, une essa gente tão diversa sob seu governo.
alguns, mais estratégicos que outros, chegam a apontar o caminho pra essa busca. estão nessa categoria os grandes "empreendedores" desse mundinho, que vendem de seu próprio repertório as grandes tiradas para você, pobre ser humano frustrado que ainda não se amplificou. são esses os grandes Profetas, os roteiristas de novela, escritores de auto-ajuda, diretores de arte, os bons e informais comerciantes de Alcântara, entre outros...
é engraçado porque mais uma vez me levanto pra dizer que foi mal, mas eu discordo dessa afirmação, quando eu vejo na minha vida uma busca mais específica que a busca pelo poder.
pra mim funciona assim... a potência costuma deixar as coisas inertes ao invés de movimentá-las. e quando é múltipla, confunde o espírito - que deseja algo, mas que não sabe por onde ir. a busca por poder depende dos caminhos, se assenta sobre os meios disponíveis pra obtê-lo; enquanto pra mim, a busca visceral existe em função da realização. um sentimento trôpego que experimenta vários caminhos, emergindo a cada um deles.
a realização são as mãos do poder. é a possibilidade consumada, alcançada, já saída de seu estado inerte; semente florescida. a realização é a possibilidade contente, é a certeza da colheita.
enquanto o poder é o mestre oculto das expectativas, o articulador ardiloso que deseja desesperadamente um grande plano!

o poder me cansa. o poder, as possibilidades, destacam ainda mais a diversidade exótica nos direcionamentos que tomam as paixões que me acometem, e que acometem toda alma que é viva, livre. para a alma que enxerga a verdade e o apêlo de tudo, de todos os caminhos, de todas as pessoas, de todas as plantas...!, o poder é a febre do mundo.
- arde nas mãos de quem o têm! ele arde de responsabilidade e sonho e se amplifica tanto, às vezes, que nos perdemos na imensidão de seu tamanho. como me mexer sabendo de todo o peso que me mexer tem? como fazer um gesto sabendo que tantos outros seriam possíveis, e seriam lindos se existissem, além?
a verdade é que me sinto pequena perto do tanto que posso. a minha alma vai inflar de potência, e se contorcer devagarinho devagarinho, até o final da prosa (ou da vida) por não saber em qual desses montes mora a complitude prometida.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

curricullum vitae

versada em reclamações de teor sádico, ballet clássico, textos profundos sobre nada, pHD em jornalismo de notícias inventadas, eterna na arte de encher lingüiça - como todo bom artista -, competente em áreas específicas da vida: beber cerveja, ouvir música, e bater perna na lapa. um pouco chapada de pró-seco faz um ótimo clown. interada de fofocas inúteis e novidades desimportantes da internet (e da política), repórter de Tudo o Que você Queria Saber Sobre o Mundo (mas não fazia a mais vaga idéia disso), passa seu tempo fazendo o melhor que pode de saia justa e salto-alto: atrasando, catando cavaco na rua, e eventualmente deixando os amigos com vergonha alheia.

JÁ Consumidos & JÁ Consumados

Quem sou eu