...No princípio era o Verbo...

terça-feira, 18 de junho de 2019

Sob a fina camada da epiderme

Aquietam um pouco as dores
Que em mim habitam
Quando miro peixes serpenteando no seu mundo subaquático
Perplexos, cíclicos, regulares
Penso:
pelo menos não estou no aquário

Deus me fez bicho livre e solto sobre a terra
Me permitiu as dores
E o vento leve sobre a pele
Carinhando as marcas, testemunhas de meu tempo
Me deu o rugido no meu peito
Me deu o sensível
E pés prontos pra caminhar

Me deu ímpeto e beleza
E mais ideias selvagens e sagradas entremeadas por ideais mais vastos que o terreno misterioso e oculto que reveste minha ignorância
Tão demasiadamente humana

Estou em cada poro, cada instante de vida em mim, cada gota de saliva e cada centímetro de alma que palmilha o Grande Mistério em uma de suas filhas-particulas

Não sei onde há mais viço
se não na concha onde me encontro
E recebo
Sei que estou viva quando
me entreteço, fiando a minha humanidade com as linhas douradas das estrelas
E o plasma azul do infinito

Quem sou eu