...No princípio era o Verbo...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A Morte como conselheira do vivo

empurro a parede do Não até onde me permite a inspiração
espalmo as mãos contra o concreto que me diz Eu sou de ferro
minhas mãos pequenas, menos de 15 centímetros em cada cano de descarga frenético
dizem de volta ao Não e ao perecimento o meu desdém eterno
eu desafio a Morte porque a ela bem conheço
porque a respeito e elegante, ela só chega quando bem lhe convém

por isso enraizo meus pés no Agora
por isso minha vida é cheia de significado maior
porque enraizar quer dizer nutrir-me do que há,
é mostrar pra mim mesma que vivo e que viver é minha única dádiva
que a vida é minha diva no divã, e eu me encontro exatamente de frente pra ela
inquisidora dela, inquisidora da Roda
agulho, ferrôo, provoco dores cáusticas, vejo vomitar as certezas de raiz
vejo transcender o limite dos braços e pernas

e recolho minhas raízes de volta, pra dentro de mim,
e nutro-me então do caos interior, da vastidão do microcosmos que Sou
Eu Sou
e nada mais.

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