...No princípio era o Verbo...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

self commitment to the crime

tem vezes que não quero o que o mundo me dá
o que ele me dá vem servido em bacia de prata
tom de mérito
não quero

não quero mérito,
quero sopro
quero distância
quero recompor-me na satisfação de ser-me sem preocupar-me.

há a luz
mas a complitude ainda falta
há a culpa
mas a compreensão ainda me escapa

quero sentir-me justa no meu mau humor
pois considero justo mesmo o pior dos sentimentos

quero pôr em prática,
amar,
com uma boa dose
de esquecimento.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

como se aquilo que foi vivido fosse tão forte, e cheio de significado que continuasse se repetindo, repetindo, repetindo, eternamente, em alguma dimensão que não alcançamos em nossa pequenez. e isso é o que me conforta, saber que em algum lugar, nas sinapses de algum de nós:no mundo lúcido dos nossos sonhos:em algum dia desses tantos anos, os fotogramas se repetem:fractais, loucos (como nós), intercalares, nunca se calam diante dos ponteiros, enquanto não chegam a um certo cais.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

de cor

uma certa angustia me atravessa agora
sinto meu coração se espremer
antes tão solto, tão breve e tão contínuo
e agora com peso de eterno, bate
mais do que bate, ressoa
está
tem peso de eternidade mas é perecível
tanto quanto nós mesmos, pra fora do nosso coração
meu coração me mostra o quanto não lhe servem os conceitos da mente
q por tanto tempo estiveram confusos nos seus pulsares brutos
não é papel do coração medir, luiza
cabe ao coração ser medida de algo muito maior
é isso que precisas aprender comigo
precisas reaprender o valor das coisas sem medi-las
precisa saber as verdades sem consultar a idéia de valor
a lista de valores que constam no sistema
nem tudo cabe na mente, querida,
e é por isso que há algo tão despretensioso
e de tão despretensioso tÕ GRANDE no nosso corpo
que é nosso
e é inteiro
não está dividido
coração e mente se fundem no Agora, se entregue ao peso dos dedos ao respirar pesado
contente-se com o pai gritando no telefone, não ache bom, só experiencie
não ache opinião ruim
só ao invés de Achar, encontre o que move essas opiniões
o que passas agora tem reverberação cósmica, não é só da luiza
mas luiza, veja o tamanho de sua cruz agora, olhe rapidinho pro passado, sinta-o
sua cruz comporta a cruz do mundo pois seu coração é do tamanho do coração do mundo
e essa pureza não te é POSSIVEL perder
pois já foi conquistada
e é em função dela que seu agora se desabrocha de maneira tão suave
é seu coração, luiza, o que vc busca não é a você mesma - até pq não há como se buscar tal coisa - o que buscas é a consciência interior de que nada existe fora da Consciência

tranqüilidade

tranqüilo é uma palavra tranquila, você veja
tropeça no tranco do tran
relaxa e ameniza na onda do qüila
a trema amaina o som do qui, e o la leva longe
o la acolhe o tranco do começo
o üi, um mergulho razo que volta a respirar no la
-go
um sopro suave que levantou vô
-o
uma brisa fresca
Qui
leva na gaita to
-da a graça do
tranco do começo
Qui
comé
dia!

Ah!

tranqüilidade é um lugar onde você chega
chega difícil
quando chega na tranquilidade está com o corpo todo suado
mutilado
desgraçado pela própria corporalidade do corpo
indestrutível porem fatigável
impenetrável porém intranqüilo
pronto pro ataque e inindescansável

chegas à tranquilidade como que chegas à próxima trincheira
em absoluto há na tranqüilidade
o descanso final da morte
morte é morte, e é descanso
mas tranqüilidade é apenas trégua
é suspensão
tranüilidade é estar suspendo no ar boiando com as moléculas gasosas
boiando com a luz
suave
sobre um campo de extermínio
suave
sobre a dor do mundo cotidiano
suave
sobre a dor que já foi sua
e hoje podes ver quanto engano!
suave, podes ver.

te permites a tranqüilidade mesmo no mais absoluto caos
ser tranqüilo é estar de acordo
com o "mal do mundo", é estar no Todo
seja caos, e flua com o entorno
a dor que existe
existe de estar separado.

domingo, 10 de outubro de 2010

noite escura da alma

tem uma parte escondida de mim que precisa de sombra pra se revelar
se revela à luz apagada, ou luz de vela, na presença desacompanhada
na atitude cretina do que junto caminha
no descompromisso dos outros raia
o meu compromisso comigo.
na incompreensão do mundo nasce
a profunda compreensão de Mim do meu umbigo.
e me atenho a esse elo de auto-alento
onde tudo é Eu, tudo eu aceito, então
e tento amar
porque é meu e ninguém mais pode ver.

o meu amor é meu, amor
e ele é pra-sempre.

e cada beco que passa
estou
bem mais preparada
pro beco que vem em frente

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

aurora da alma

abro os olhos, bom dia!
dia bom este que nasce
e que se abre junto dos meus braços escancarados,
- palmas-janelas, bem abertas -
e destacados pelos dedos
pelo contorno do corpo no quarto
que se encontra também nesse momentum, pobremente iluminado


bom dia, diz-me o sol que também nasce às 6 horas
e sorri ao nascer desde agora
tiro as remelas dos meus faróis,
lavo a minha cara para nascer melhor
pro dia que nasce fazendo-me boa companhia


quando finalmente enxergo
a paisagem encantadora
que desatenta observo
quando olho para esse mundo,
encaro o fruto íntimo do meu eu
mais profundo
e
quando olho nos olhos de outrem
e vejo latejar dos porões
o escuro submundo desse alguém,
latejo clareza e agradeço por poder ver
a beleza
do que os outros
em si não vêem.


 Publicado em
08/10/10 13:17
Horário de luz natural do Pacífico

terça-feira, 5 de outubro de 2010

urbisius poiéticus

um operário da telefonia
sentado, tensiona um cabo de aço
que vem do alto
mas parece mesmo é estar pescando
um glorioso robalo

é mais um dia de sol
em niterói e são gonçalo!

animalidade e transcendência

não dou a cara a tapa,
nem fudendo!
mas ofereço minha outra face
ao vento

maternidade

um ralo sai da parede, parece cansado
é um cano
nitidamente devassado
dele saem 5 bitucas
amarelas
de cigarro

escorre do buraco um líquido claro, que se confunde em rio com o asfalto
é o líquido intersticial do encanamento geral
da loja de bebês

um parto, mesmo sendo porco, é sempre sempre um ato
divinamente maternal

nome das coisas

por que parede é o que fica de pé, e chão é o que fica deitado?
por que mulher é bolsa&luvas e homem cartola&cajado?
por que os banheiros tão nitidamente separados?
por que que o nome das pessoas não podia ser ao contrário?
e quanto aos nomes que ainda não puderam ser inventados?

sei o mundo porque lhe ponho um apelidinho engraçado? não te parece pouco, dizer do quadro
quatro pedaços de pau arrumados em formato de quadrado?

por que que todo verso deve ser todo rimado? A B A B, B A B E I E A G O R A ? T Á _ B A B A D O
quem foi que disse que isso com isso com isso não faz rima? e rima que explana, que também não pode fazer fama?,
ficam aos locassos misturar academia com roupa de cama, e usar palavras para comunicar somente o que à Alma chama

JÁ Consumidos & JÁ Consumados

Quem sou eu