...No princípio era o Verbo...

sábado, 21 de novembro de 2020

Amor, quisera eu saber-te (mas nunca totalmente)

O amor
E  toda vã descrição do que ele seja

A borboleta que pousa leve e por vontade própria no seu ombro
E quando bem quer te arrodeia, te mostra uma paisagem longe
Porque quer, volta,
Sem nunca deixar de ser essa dança livre e autêntica e senhora de si por todo o tempo espaço
Ao seu redor e mais além

Tão indefinível, ao acaso, tão gratuito e poderoso
Como o trovão
Feito um parto
Quanto a luz do sol é tão ardente quando irrompe na aurora, quente
Quanto óleo da lamparina iluminando a madrugada no campo
Suavemente

E como um furacão
Impiedoso,
Sem perguntar se pode
Que aniquila primeiro
E indaga depois
Que arranca o telhado e descobre o oco da casa de quem mora
Descobre quem vive insone dentro da gente
Os medos, a fome de sabe se lá o que

O amor, como diz João Cabral de Melo Neto, vem e come todos os papéis onde escrevemos nossos nomes

É a força irredutível que devolve a vida ao pó
É o volume vivo e contínuo de água doce correndo e contido perfeitamente nas margens no Rio
Todo suprimento
Toda revolução

O amor é além de qualquer figura de linguagem
É anterior à palavra
Precede a imagem
Seu poder põe fogo na camisa por dentro
É a teima incendiária queimando mesmo nos peitos mais serenos
É a ideia subversiva
E a promessa do consolo eterno e do eterno perdão e aconchego

Amor, não me deixa nunca ver-te totalmente
Faz parte do meu fascínio te desejar
E não me ver livre nunca inteiramente de ti
Pois estás aonde olho
No chão em que meus pés se acomodam
Onde meu espírito desperta
Minha alma repousa e reencontra a direção 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Constelar

O primeiro bem estar
Vem de estar
Consigo

Bem de star
Contigo
É constelação   

Quem sou eu