...No princípio era o Verbo...

domingo, 28 de agosto de 2011

MANI

não saber como se processam os autos mágicos da psiqué, como saem da indefinição da figura toda a um recorte específico à margem. não saber como colhe significados a mente; saber que a construção de si é passado mas se consagrando eternamente no presente. a repetição infinita da grandeza contida numa unidade infinitesimal de medida. o padrão repetindo virando algo novo que vem vindo, o fractal das experiências de vida virando um algo a mais que não se liquida ao fim da linha. deixa a alma, o corpo, pra brincar de ser em outro momento, nos sonhos, nas peças coordenadas de outro engenho, a alma se recria em outros tempos, a jóia da consciência n'est jamais fini.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Precisa-se de uma solução gráfica p/ tudo o que eu ignoro


para minha ignoração


magnânima e ostensiva


opressora


ignorabilidade


duplicando layers, destacando a tensão


dando goles esfomeados no balde de café como isso ofertasse qualquer solução


,qualquer


me embrenhando nos cachos fios condutores de informação


da cabeça encaracolada, do raciocínio plural simultâneo e multifacetado


indeciso


por sua natureza narcísica:


volta-se constantemente para o centro


para-si


confunde-se com o tanto que pensa que sabe e pensa e quanto mais elabora mais sabe


que ignora.


confunde-se e só então se volta para fora:


inconclusivo e poente.


um não saber desespero pondo-se ao contratempo da certeza, batida firme


e certeira.


um não saber de geometria indefinida. o que tem de saúde ali habita porque irrequieta e imprecisa. explica (a si mesma): A Falta de Sentido Busca Em Rondas Organizadas O Sentido Que Se Esconde Debaixo da Cauda ou por Entre os Pêlos dos Cães, entre os Fios do Novelo. Entre os Caixinhos da Lã, Entre as Estacas do Portão. O Fio de Sentido Tece a Escuridão.




saber não é nada perto do que não faz sentido algum.


sábado, 6 de agosto de 2011

sofá vermelho

desde q vc chegou nao durmo mais
tudo ficou por arrumar, por fazer
as coisas do quarto nao tem mais jeitos, nao tenho mais qualquer autoridade sobre os pratos e talheres que se acumulam sobre o gradeado da geladeira
minha casa em obra e vc me acorda pra viver outros cômodos
nao quero dizer que sua presença não seja um tipo diferente de organizar tudo
mas que seu jeito diferente de organizar tudo me alinha com aspectos tão vários de tudo o que é, e tudo o que é declara sua existência agora, sua insanidade declarada de quem é - digo, TODAS AS COISAS VIVAS se declaram pra todas as outras,
como se não fossem esbarrar umas nas outras, como se houvesse espaço para todas, mesmo despertas e francamente emocionadas com a percepção profunda e aguda de se saberem...
Deus é puro espaço, sabe? e eu percebo tudo ao mesmo tempo, são mil brados de coisas cantando suas verdadeiras essências em um coral meio caótico porém amável
o mundo de súbito é uma vaguidão relaxante
as conversas todas pendem ao ponto fundamental de uma certa letargia emocional
de delírio
com todo respeito, digo isso tá?
você nao me atrapalha
você me comove todos os micromúsculos do corpo, até minha expressão no rosto já é outra
o sorriso é mais solto mais louco mais eu
e a minha expressão não só do corpo, mas a expressão do que me invade - pro que sempre faltaram meios de se expor
se encontram um pouco nesse plasma cor de rosa que se sobrepõe às cores embaçadas da rotina
as cores dessa rotina, não é que fossem entediantes ou sem grandes contrastes, antes
tudo já era lindo mesmo antes de você chegar, porque minha busca perseguia a beleza de tudo que nosso Pai criou
mas quando você chegou, elevou à máxima potência tudo, entorpeceu tudo que estava desacordado em latência

você merece um Oscar.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Chat Tudo

Agora começo os textos como se já tivessem começado.
Em um milisegundo, a identificação do atraso ao ver as horas no relógio,
um "já foi" acontecendo ainda
em outro tempo-espaço. Um eterno agora que se apropria de todos os acontecimentos e fatos,
inclusive os passados.

Essa dificuldade de se permitir fundir com os tais fatos. De se tornar eles.
Agora faço o mesmo com parágrafos,
inicio-os já terminados.

A diferença fundamental de antes: que não é falar de algo importante:
é de agir a partir da importância de algo. Algo vivo. Algo vibra.
Algo que não só importa, como ressignifica tudo, à chegada de sua importância.

E nada mais pode parecer pequeno depois; nada nem ninguém corre o risco de fugir a essa estranha glória de tudo, agora. que abraça tudo, agora. nada é capaz de fugir dessa endemia que sua vida instaurou na minha estreita vila. (onde moro).
Todas as bocas dirão o que você me diria - diante das xícaras -, serão seus comentários e não "bom-dia"s. o que eu "vou estar escutando". que eu "vou estar atendendo" ao telefone.
É tão somente isso, registro. Não há nada a dizer. Não tem nada pra dizer, porque já tenho tudo.

Obrigada.

JÁ Consumidos & JÁ Consumados

Quem sou eu