...No princípio era o Verbo...

domingo, 30 de agosto de 2009

direto da fornalha (em chamas) da madrugada

não sei como preencher esse estado de espírito escroto, descontente, onde sempre falta algo
estando tudo o que é necessário presente. não entendo como a complitude pode ser defacto, defecta e tão, tão randômica...
não qro escrever coisas tristes, quero só escrever coisas de verdade (coisas que começam ou terminam com "não"), das verdade que a gente sintam, na escala de 10 à 1.
são verdades excêntricas as que me assaltam agora, quase 5 da madrugada, a essa hora, e que talvez amanhã já se tenham ido, já tenham ido embora...
dizem as línguas portuguesas que "embora" é um jeito (des)contraído de dizer "em boa hora", por mais que pelo o que sei da vida, ir embora de onde estamos bem nunca é ir de bom grado. eu não queria ter vindo embora do coração do meu Cerrado, se os Normacultores da nossa amada língua me permitem essa colocação um tanto contraregrada, afinal eu pessoalmente nunca fiz na minha vida, das normas, uma entidade a ser louvada. a minha existência, ao contrário, é largada, e meu itinerário é Tudo - e também um pouco vago.
quando eu digo a vocês, todos, Normacultores e Semeadores dos mais variados, que eu não gostaria de ter voltado
é que esse lugar aqui onde eu vivo, agora eu sei! melhor que se apenas tivesse ouvido (de um Preto Velho, quem sabe...), que meu lugar não é no Rio.
talvez seja isso, agora eu digo
em voz muitíssimo alta, pra (a) mim mesma ouvir, pra que todas as microcélulas e moléculas inteligentes do meu corpocosmos possa introverter, gentilmente, que
o meu lugar não é aqui.
e eu não sei onde o meu lugar é.
só sinto que não caibo, cada vez encaixo menos nesse molde-de-modelar-caminhos-amenos, cada vez desejo com mais força não-estar aqui, ou estar-aqui, com mais força. não-estar soterrada de informações que confundem o meu espírito que in natura é super tranqüilo... sei que me dói sentir que não tenho forças pra pôr cores nesse mundo tão lívido, mas me falta alguma competência, uma inspiração, me sobra muita vaidade (enrustida), e meu não-caber se transforma logo num discurso medíocre de verdade mentida, e esse discurso diz que eu não preciso viver na cidade, que posso tranquilamente viver escondida, no meu mundo,
dentro de um sofá velho de veludo vermelho-sangue, inundo de curiosidades desimportantes, dentro deste que é verdadeiramente o MEU mundo.
o que chamo meu Lugar (por auto-piedade ou por orgulho!) é no braço desse sofá, dentro do furo,
é dentro do cigarro - é o tabaco -,
é o buraco, bem na borda do cinzeiro, o meu Lugar é algo entre o rodapé e a porta, é quieto, é inteiro, e ferve com seu jeito sossegado;
é algo que eu preciso achar: não só agora que estou no Rio, preciso buscar, sim, em Tudo o que for lugar.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

o estado bruto das coisas e o estranho tablado do acaso

no ponto,
o espanto,
o atraso
do ônibus
arrepia
a espinha dolorida,
desejosa de movimento
desamarrota
o corpo
que aloja
esse frio
que não é de fora
e sim de dentro

não tem ciroula,
cachecol ou lenço
que possa dá jeito, moço
entende que
corre um rio congelado
bem aqui dentro
aqui
no meu peito
logo ao centro
muita história
rola
com essas águas,
camarada
muita lama atola
nessas águas paradas

o corpo alado, bélico
os punhos armados de vontade,
[porém de luvas
contra
o fogo
cerrado
épico
das possibilidades
ainda obscuras

no todo,
espera e comedimento
nunca fizeram parte
do meu jogo,
não me dizem respeito,
não vejo
que exercem
a sua arte
com efeito
sobre o meu corpo esquivo
de trapezista.
se eu resolvo agora,
e solto a trave
soltar
ainda significa
que estou vivo.

viver é o preencher intrépido
entre se encontrar vazio
e se tornar completo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

para felipe de taubaté (de ubatuba, ou de uberlândia)

eu e você
somos equívocos astrológicos.
o Astral Cósmico
jurava!
que nosso encontro não seria algo assim,
tão,
TÃO mágico.




elohim diz:
impressora¹
imprima meus feelings

☼ Ágape @ verbo-fagia diz:
hahahah
cuma?
tah faltando o cartucho de cores

elohim diz:
como assim menina
vejo cores
em cada fio de cabelo enrolado seu
aspirais multicoloridos

☼ Ágape @ verbo-fagia diz:
nhó, q lindo (tentei poetar e não deu)
mas vc tem um puta olho!
pena q nao viu os piolhos
do circo q eh o cabelo meu
[TCHAN!
hahahaha
estou com piolhos, irmao =(
isso eh serio




¹ Ágape = HP = impressora

"tentando parar"

fumar
e prozear
o cigarro acaba antes
da prosa começar

cidade infértil

me vejo construindo pouco
desejo tanto preencher o oco
que nada faço, ou faço torto

a vida nos grandes centros me abafa
a vida nos grandes centros é sofisticada
e a minha pequena vida não conhece as grandes marcas

fico parada, tentando entender o que acontece
quando a roda da vida me esquece
eu: contemplando uma história já feita
uma peça que precede Bertolt Brecht
onde ainda se sustenta uma quarta parede
eu: implorando por um "enverede!"
cada vez mais ever ready
mas ninguém me chama, ninguém percebe
precisam correr para a faixa
antes que o sinal feche.

JÁ Consumidos & JÁ Consumados

Quem sou eu