...No princípio era o Verbo...

terça-feira, 21 de junho de 2011

uma ode à forma e à delimitação

a impressora sem bandeja cospe folhas desordenadamente
cobre o carpete velho do escritório de folhas escritas cuspidas ainda quentes
a contenção da bandeja não é represa, aqui veja
pode ser seu suporte!
sem essa tal bandeja - que não é a megera embora pareça -
se lançam as palavras ao chão, suicidadas,
presas ao papel que lhes descreve a forma, presas à forma da qual não escapam
: ainda sim sem discernimento
as folhas caem do alto da estante distraídas, distantes, lambem o cimento
algumas acidentalmente voam pela janela, saem descalças por debaixo da porta, outras se desintegram na piscina do edifício ao lado

em tempo: dar apoio não afunda os ombros, não faz corcunda nem estrago,
como também nem espeta - também nem sufoca,
faz crescer, nem aperta nem poda

mãos seguram flores e adoram peles pêlos plumas, selos
não só as oportunidades que seguem seu rumo - mãos nem sempre seguram
bandeiras e bustos não constroem histórias e homens públicos
a fundação de um espaço ou de um monumento não é o pretexto perfeito pra bandeiras e bustos
mas nem por isso se poupa uma praça ou um prédio
do gentil gracejo do pano da bandeira
que dá vida ao vento em bruxuleio,
nem por isso se poupa o sono do bocejo,
nem por isso poupa a franja a visão dos olhos, então,
que seja livre a alma,
que ela possa ser! que possa ser a pureza do conteúdo
e que seja clara e que todos possam provar da clareza que nela possam ler!
edificar é ofício sem desespero, não tem que ser difícil
mas que saber do térreo o andar que se constrói primeiro

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