...No princípio era o Verbo...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

um trecho-texto pós-utópico

reações proporcionais são farsas!
como podes tomar como grandioso, imponente, o que digo com grandiloqüência, estando latente no meu ego o pulsar fálico da verdade, como podes tu chamar isso de promessa? como podem levar a sério alguém que se sente e por aquele momento SABE-se detentor de algum breve suspiro do Real?
falamos grande porque não sabemos de nada, porque ignoramos, porque somos em verdade muito pequenos, porque nós e nossos paradigmas nunca serão suficientes pra expurgar o oco compartilhado da existência. fazemos discursos cheios de pompa porque nossas pernas tremem quando questionamos a credibilidade (e a finalidade) da nossa forma de pensar. e em providencial atitude de construir descartáveis Torres, - arranhacéus tão longelíneos que espreguiçam-se lá longe no horizonte e quase que sem saber tentam arranhar, apreender os céus em suas garras afiadas de certezas, para obter um pouco da clareza que se derrama do estado de Deva! - queremos nem que sejam as nuvens, para matéria em nossa vaguidão, nem que seja o vento, a Bússola para o nosso andar a esmo...
e ainda assim insistes em negar a vacuidade dos nossos atos?
se digo que amo, se te transcrevo versos enxarcados ébrios, não vai aceitá-los por que são deveras sérios?
não existe seriedade nem mesmo na esfera racional, reduto da impecabilidade e da mentira. como pode o sentir caber dentro da proporcionalidade injustificável? sentir é exagerado, o Eu é um dramático, coitado, que não entendeu que viver não é digno de estatutos.
viver é tão indigno quanto mendigar.
todos se levam tão em conta, pensam suas frases e gestos com tanta importância e perícia, se dedicam tanto a escultura de suas imagens que já não sabem mais se são o que suas mãos produzem, ou se são ao contrário, o barro inerte e mofado, esperando amorfo para ser moldado?

o Ser é uma fraude.

3 comentários:

JÁ Consumidos & JÁ Consumados

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