...No princípio era o Verbo...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

do tédio ao desespero (em duas doses)

corro os olhos desinteressados pelas vitrines, me sinto como se estivesse em são paulo, olhando vazio para o vazio que é refratado nas calçadas. não desejo comprar, nem comer, e passar nessa rua me dá sempre a impressão de estar imersa em um querer abstrato de coisa ainda não inventada.
penso em comer sem querer nem pensar em comida, me pego olhando longamente para dois caras de mochila, de costas para a avenida, em quem nada havia para se reparar. percebo traços da vida enquanto ando, presto atenção em suas veias e vielas que não despertam em mim nenhuma estima; e é dessa falta de interesse que se desvela meu distanciamento - este, do qual falo desde que as palavras me foram apresentadas...
esse tédio que eu sinto, vem de mim, do meu cansaço sem razão, ou o que eu sinto exala do imobiliário dessa cidade, desses tantos espelhos espalhados pra tudo que é lado? não sei pra quê tantos espelhos, tanto vidro transparente pra um monte de gente que não agüenta se ver por dentro. até meus olhos, convenientemente polarizados, andam vestindo-se de fumê pelo simples fato de não querer ver, o que todas essas lojas se esfregam para mostrar. até minha boca que vive a articular, se cala ao sentir o nada, dolorido e complascente, a se retratar.
não sei se é de hoje que sei-me desse jeito, mas caminho sozinho ouvindo as vozes nas ruas escoar feito esgoto para os bueiros, pelos becos
e cruzamentos engarrafados, na minha neuroquímica.
decido, sento no bar.
peço um gim duplo, e recomendo ao garçom, antes que me venha à cobrar, que hoje só quero saber de esquecer, e que nem fale comigo se for para lembrar!

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