...No princípio era o Verbo...

sábado, 30 de julho de 2011

Kaliyuga

ou O Nascimento do Novo Tempo

E quando tudo ruiu. Quando as esposas e seus chefes e seus maridos faliram. Quando a raiva abriu a boca e não encontrou palavras. Quando muitos estavam surdos, quando estavam mudos de quem eram, e já não sabiam mais o que fazer com o que não conseguiam ser. Quando todos, acostumados com vírgulas, não perceberam o ponto.
E continuaram tentando viver ao modo antigo, retilineares, cíclico. Verbo e viço combativo.
E a novidade da Roda já não era mais fantástica, eles ainda não percebiam, era chata. Repetia. Suas vidas pediam Maya e a Vida Maior lhes dava poesia. A Vida Maior lhes dava pontes. Lhes oferecia ofício digno. Suas cabeças davam voltas porque ainda não Viam. Na noite escura da Alma.
Quando o repeteco de Todo Tempo já não resolvia. Quando tudo pára.

E Tudo o que conheciam acaba. Um ponto. Os Bancos agora eram ruínas que os mendigos e mendigas usavam pra trepar. Era o grito de Liberdade dos oprimidos. A verdadeira revolução marxista era na verdade, uma foda bem dada na cara de todos os pudores que ainda puderam resistir. Proletários eram poucos perto dos que eram gente.
O Absurdo era o que alguns haviam esperado toda vida. Não tinham seus corações viciados e aprenderam a fazer o Absurdo de moradia.
Alguns aproveitaram para fazer feirinha. De trocas. Em Tempos de Absurdo a moeda era uma piada sem graça. Uma piada que muitos riam. Porque eles ainda não viam. Porque não acreditavam. Porque não quiseram submeter suas verdades ao brilho insolente da Beleza. Porque quiseram ser represa quando tudo agora era nosso.

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