...No princípio era o Verbo...

sábado, 14 de agosto de 2010

mais macho

acho que conheci alguém interessante. e acho que talvez isso venha a ser importante. para alguém.
quem sabe não é? quem sabe?
alguém, a esse ponto do campeonato, após a surra de um segundo tempo mal aproveitado, alguém?
que é para a gente ver que as coisas dessa vida não tem lógica, não constam no cadastro, e de registro só é recorrer às poesias de um poeta português mal pago. nada mais.
no meio de tanta gente moderna, num retiro insuspeitado em pleno centro da cidade ao meio-dia, quem seria ela? quem seria?

me esforçava sob o sol, o cenho franzido salpicado de gotas ousadíssimas de suor, tentava eu me concentrar naquelas palavras, que talvez fossem as únicas que um dia desejei ouvir das bocas de uma mulher, de qualquer mulher que fosse... como era possível fazer-me crer em amor a primeira vista em míseros segundos, sob um sol tão imundo? quem me faria acreditar em mulheres, eu imaginava... tentando me concentrar, o suor salgado correndo pra dentro do nó da gravata, sob a camisa social encharcada: símbolo da disciplina trabalhista a que eu me mal acostumava...

não tinha nem um puto no banco, imagine... como podia Sheila dizer coisas tão bonitas sem saber de nada disso? nada de mim?
e dizia que me sabia, de cor, coisas que mulher diz, verdades sem fim... e então quando menos percebi, no meio daquilo que só podia ser um delírio, limpei a testa e estiquei meus braços desejando aquele abraço tão ardentemente quanto desejava o esfriamento instantâneo do rio de janeiro, e abraçando, sentindo a misteriosa fragilidade de seus ossos, descobri a mágica insondável que é admirar uma fêmea.
hoje, sou muito mais macho. hoje estou completo.

Um comentário:

  1. Quando a gente cai nessa admiração é perigoso...

    É nessa hora que paro de ouvir Norah Jones no MP3 e boto um Rock dos bons!!

    Gostei do texto.

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