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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Joana / Joana para Jasão

"E olhando eles assim fiquei pensando, eles podem acordar de repente, se eles acordam, minha vida, assim do jeito que está destrambelhada, sem pai sem pão, a casa revirada se eles acordam vão olhar pra mim, vão olhar pro mundo sem entender, vão perder a infância, o sonho, o sorriso, pro resto da vida, ouça eu preciso de vocês e vocês vão compreender, duas crianças cresceram pra nada, pra levar bofetada pelo mundo, melhor é ficar num sono profundo com a inocência assim cristalizada.

Ninguém vai sambar na minha caveira vocês estão de prova, eu não sou mulher pra macho chegar e usar como quer depois dizer tchau deixando poeira na cama desmanchada, mulher de malando comigo não, não sou das que suspiram com a submissão. Eu sou de arrancar a força guardada cá dentro com toda a força do meu peito pra fazer forte o homem que me ama, assim quando ele me levar pra cama eu sei que quem me leva é um homem feito. E foi assim que eu fiz Jasão um dia, agora não sei, quero a vaidade de volta minha garra, minha vontade de viver, meu sonho minha alegria, eu quero tudo contado bem direito. 

Pois bem, você vai escutar as contas que vou lhe fazer, te conheci moleque frouxo, perna bamba barba rala calça larga, bolso sem fundo, não sabia nada de mulher, nem de samba, e tinha um bruto de um medo de olhar pro mundo, as marcas do homem, Jasão, uma a uma, em tu tirou todas de mim, o primeiro filho, o primeiro prato, o primeiro violão, o primeiro refrão o primeiro estribilho te dei cada sinal do teu temperamento te dei matéria prima pro teu tutano e mesmo essa ambição que neste momento se volta contra mim eu te dei por engano, fui eu Jasão, você não se encontrou na rua não você andava tonto quando eu te encontrei fabriquei energia que não era sua pra iluminar uma estrada que eu te apontei."

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