...No princípio era o Verbo...

domingo, 8 de maio de 2011

but bitter

Esse amor corrosivo roeu até o último bordado do meu vestido
esse amor que eu quis estancar no bocejo porque era mais do que meus órgãos podiam comportar dentro de mim e ainda assim manter o respeito
por mim, pelo que eu podia comportar
eu sentia que não podia carregar esse recorte do seu passado, esse resto cirúrgico dentro dos meus pedaços, acolhê-los como se de fora não parecessem suficientemente destruídos, mutilados
sei que todos temos pedaços de nós desencontrados, alguns que cubrimos sob montes e montes de ouro, outros sob montes e montes de capachos, mas quando mostramos isso a outros olhos temos que saber que aquilo que não é deles pode ser tão assombroso quanto o maior de seus medos desconhecidos.
não podemos exorcisar nossos demônios e esperar que o outro entre na nossa catarse como se fosse convite pra uma micareta.
e essa minha mania de dizer que você estava fazendo errado, como fiz aqui em cima, que estava vendo errado, apontando errado, mais essa sua mania de dizer que eu estava fazendo errado, e me fechando, e não me permitindo, e que tudo isso era tão errado também. e o seu mundo que a esse ponto parecia pra mim uma floresta arruinada, me convidando para ver o fim dos tempos na cadeira de praia da sua casa.
eu achava que fugindo estaria preservando o resto da minha dignidade.
no final as suas posturas mais as minhas reações, e vice-versa eram duas portas se fechando lentamente, desapercebidas do que significava aquele movimento como se elas nunca fossem bater e fossem continuar seu giro ao longo dos infinitos ciruclares 360 graus, parecidas com as portas dos estabelecimentos nos filmes de bang-bang, era o que elas achavam. ou era o que nós, donos ou sócios do estabelecimento compartilhado achávamos que iria acontecer com o que tínhamos construído.
o final das contas mesmo foi quando eu fechei o bar, quebrei as garrafas uma por uma com o molho de chaves (eu e o meu método particular para a loucura!) e tranquei você pro lado de fora. e não disse mais nada, e também nem fui embora. só disse pelo meu gesto e pelas portas fechadas que agora eram minhas que eu te demito do que nós criamos.
e fiquei eu dançando, esse tempo, sem saber direito o que estava feito, o que eu vinha fazendo. me permiti alargar minha ignorância à medida modesta dos horizontes do litoral. não quis mais saber das minhas grutas secretas, não quis mais saber de florestas, me tranquei na selva de pedra das minhas convicções pré-prontas e voltei a estaca zero.
sem nem uma garrafa de gim seca, nem uminha, mas inteira, que pudesse fazer companhia.

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