...No princípio era o Verbo...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Mais um da série...

"O que eu não suporto no mundo, mesmo com toda a minha recém-adquirida capacidade de respirar fundo..."



não aguento essa mania q o povo tem de ser complexo, de ser artista, de ser absolutamente incompreendido ou inescrupulosamente profundo, extravagante a troco de tudo sem noção de nada, zenbudistaescritoryogue que rabisca em folhas de papel reciclável enquanto fala no telefone da sala-de-estar tematicamente decorada que custou o olho da cara lavada com a qual se conseguiu o empréstimo dos seus papis, minha querida, desencana que hoje em dia todo mundo é fashionista, cineasta, pós-tudo neo-qualquer-coisa, e ninguém mais agüenta esses papéizinhos babacas! caguei se seu armário é vintage, é LUXO e PODER! eu quero mais da vida que ser vetor apontado pro lodo, qualquer coisa que altere o status quo, qualquer coisa que não fixe... pra mim ter um discurso rústico e supostamente consciente, pelo outro extremo dos arquétipos, tbm não diz absolutamente nada. as pessoas, engraçadas que são, adoram dizer que detestam os rótulos, que não tem nada a ver, que estilo não se compra se TEM, assim como autenticidade-originalidade-personalidade e outros "dades" que entram na roda sem querer... mas não perdem a oportunidade de tirar uma fotinha na boate pra chegar as 4 no orkut e dizer hohoho viusó como soy bella&bien-aventurosa? tenho um footógrafo que fez um book de mim pra eternidade, e dois VIPS pro Skol Vibes ou qualquercoisaassim. ninguém quer realmente curtir o momento, isso é o que menos importa pra esses seres exóticos², eles querem mesmo é mostrar que viveram INTENSA e psicodélicamente aqueles momentos, todos ficaram tortos divertidos e fanfarrões, ou seja, que eles vivem e você¹, ha-ha-ha, não. e o mais triste dessa saga miseravelmente desgastante é que só o que conseguem fazer é se encaixar em esteriótipos, imagens toscas, no sentido denotativo mesmo, imagens mal feitas de momentos fugazes e contextualizados da vida.
ano que vem ninguém mais sabe o que foi essa porra dessa febre pela starbucks, que a cor da estação é ocre, que Administração não é a mais a boa pro mercado, e no final de tudo, qualquer tentativa de eternizar uma tendência atual se tornou automaticamente obsoleta a partir do momento em que foi alçada à luz do mundinho mágico da internet.

Pessoas, queiram ser mais que meramente propaganda, não sejam tão marketeiros, invistam em vcs mesmos, por favor, é disso que o mundo precisa, gente consciente de si, da sua capacidade, não de gente iludida, de gente que acredita em rascunhos e resumos feitos de si mesmo; quanto mais sobrepujamos com limites os papeis que desempenhamos em diferentes circunstâncias, menos eles atenderão à demanda de seu contexto; admitir nossas diversas faces e potencialidades, significa percebê-las dentro do espaço em que podem germinar, guarde os papéis que vc interpreta pro momento em que lhes são convenientes, não se pretenda o papél desempenhado, Não se confunda!, o que nós somos sempre transcende o que queremos ver/mostrar de nós - difícil dizer essas coisas sem ser incomodamente cafona, ou sem cair no lugar-comum do existencialismo, mas é sempre nossa escolha quem nós somos, e acreditem, essas pessoas, como todas as outras, podem ser muito mais que um modelo-ideal fadado ao ostracismo.





¹ - "você", no caso do agente que enseja a invejinha alheia ser uma mulher, é uma outra mulher que se encontra - geralmente - em uma situação de vida que por qualquer [equivocado e parcial] motivo a mulher1 considerou mais digna que a sua própria. isso tudo sem conseguir admitir pra si mesma, seu ímpeto de ostentação, a insegurança adjacente, dentre outras subliminaridades predominantemente femininas...

² - o que será que eles comem?

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