...No princípio era o Verbo...

sábado, 9 de junho de 2012

feliz aniversário/inferno astral


começou a escrever
mas escrever chora, o ato em si, chora
deixa a lágrima rolar... solta o ar...
um choro com solucinho embaixo do edredon
o rosto quente
a chuva chora também
mansinho,
no outono
escrever, um cataclisma
inferno astral

"ai que idiota que eu sou!
ai que idiota que eu posso e pude ser!"
como ser diferente? como ser de outro jeito que não seja
esse meu sem-jeito de ser!

mas escrevia sobre escrever
porque a gente chora, mais uma hora passa
e a gente senta na cama de novo, e enxuga os olhos
e diz pra si mesmo. pra si mesma, no caso
que se é uma nova mulher
sim, eu sou uma nova mulher
cada vez que digo pra mim mesma que não posso ser a mulher que desejo ser
digo que sou uma nova, porque daquele jeito não dava mesmo pra continuar sendo!

pois sou uma nova mulher!
e meu brado é verdadeiro e transparente como a chateação de uma criança
uma nova mulher com dúvidas renovadas
e um certo cansaço de velha

seria mais fresca se tivesse em posse de alguns ditados
uns provérbios chineses
alguma coisa que enchesse meus lábios de consensos
e fizesse sentidos mais populares
seria talvez mais querida, se ainda pendurasse meus gostos exóticos à tira colo
seria talvez, se fizessem bottons com as abstrações que pintam minhas idéias malucas

estou sem idéias. mas escrevo mesmo sem tê-las porque descubro a genialidade no vazio que fica no meio entre as frases,
quando respiro na hora da vírgula, é genial
acho que só respiro aí mesmo. engulo os pontos, e salto os parágrafos. não tenho jeito.
não sei me comportar usando vestidos.
principalmente os antigos.
simplesmente não sei.

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