...No princípio era o Verbo...

sábado, 9 de junho de 2012

aquela menina


quero explodir pela epiderme do meu corpo
explodir em direção à lua
a minha cara, explodir pelo buraquinho da agulha
sabe aquele, onde a gente passa o fio
meu sentimento que explode no impossível
minha identidade sem cura

eu quero explodir primeiro pelos capilares mais miúdos
e depois deixar pros últimos
os vasculares
mais graúdos

eu quero explodir o verbo
espremer o sentido, tirar seu sebo
rancar o vício

quero descomprimir toda a pele que me reveste
quero partir ao meio
e ainda olhar o dentro

quero ficar quieta. quero gritar e pular e pulsar e correr. e sacudir e balançar até esquecer que eu existo. até esquecer essa loucura sem nome que as pessoas chamam vida.
quero fingir que não vi, que não li, que não sei que não senti
que não, na verdade eu nunca senti
que sempre vivi assim, que sei ser eu
como ninguém!
que sei ser assim, sempre atrás de mim
sempre oculta, atrás de alguma revista
de algumas palavras bonitas
de alguma sabedoria densa e melada presa grudada no fundo do pote
alguma sabedoria inesperada e sempre fora de hora

queria me comportar sob a aparência que me foi dada
queria poder vestir alguma máscara
queria que fingir não fosse me incomodar
eu faria isso pra sempre
eu fugiria pra sempre, eu disse
eu sou o tipo de pessoa que vive a procura de lugar nenhum
pra morar
e que não descansa até encontrar
esse canto

eu acho que vivo uma espécie de marcha eterna para o descanso
com muitas curvas no percurso, curvas longas
e pernas curtas
e muito gogó muita palavra solta muita letrinha de mão-dada
muita filosofia
muita roupa apertada
muito calçado furado
mil remendos, pouco talento
e uma infinita capacidade de gerar novos jeitinhos
novos cambalachos
pra poder dar jeito
no que não pode ser consertado

queria que a minha angústia não fosse tão visitada
quero me esconder e implodir sem alarde
já passou das 3 horas e eu preciso dormir

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